sábado, 3 de janeiro de 2009

LIVRE ARBÍTRIO


- Afinal, o que é Livre Arbítrio? Poderíamos concluir que Livre arbítrio é um princípio escriturístico que declara que o homem é livre para tomar decisões, para decidir a questão do seu destino.

E o que seria Predestinação? Predestinação pode ser definida no sentido geral e no sentido bíblico.

No consenso do povo é crer que Deus traçou um plano para a nossa vida e devemos segui-lo sem o direito da escolha. Em outras palavras – somos autômatos, desempenhando um papel previamente estabelecido por Deus.

Calvino, ampliando idéias já antes defendidas por Agostinho, afirmou que desde a Antigüidade Deus estabeleceu dois decretos: Um selecionando um grupo para a salvação ou vida eterna e um outro decreto selecionando aqueles que serão destruídos. O próprio Calvino qualificou-o como terrível decreto de Deus.

Estaria este ensino em harmonia com as doutrinas bíblicas? Creio que de modo nenhum. Porque a dupla predestinação ensina que “se não fomos arbitrariamente escolhidos para a salvação, não há esperança, mesmo que almejemos ardentemente esta graça”.

Hermeneuticamente falando, entendo que a Bíblia não diz isto. Predestinação bíblica é o decreto de Deus, que possibilita a salvação a todos os que aceitarem a Cristo. Particularmente, eu creio que a salvação é acessível a todo e qualquer membro da raça humana, pois João 3: 16 nos esclarece que "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (grifei).

Exulto com o apóstolo Paulo porque "antes da fundação do mundo" (Ef. 1:4) Deus resolveu suprir a necessidade do homem, se ele pecasse.

Ef.1:3-14 - “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, 4 assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor 5 nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, 6 para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, 7 no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, 8 que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência,9 desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, 10 de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra; 11 nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, 12 a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo; 13 em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; 14 o qual é o penhor da nossa herança, ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória”. (grifei)

Esse "eterno propósito" abrangia a encarnação de Deus em Cristo, a vida sem pecado e a morte expiatória de Cristo, Sua ressurreição dentre os mortos e o Seu ministério sacerdotal no Céu, o qual culminará nos grandiosos aspectos do julgamento.

- Entretanto, como vimos acima, tanto o Calvinismo quanto o Arminianismo apóiam-se em textos bíblicos para justificarem suas posições. (vide tabela comparativa acima) .

O Calvinismo afirma a total depravação do homem após a queda, isto é, a sua escravidão e morte no pecado, estando portanto totalmente dependente da ação graciosa de Deus para vir a ter vida espiritual e, assim, alcançar a salvação.

Por sua vez, o Arminianismo afirma que o pecador continua a ter em si a liberdade de optar entre permanecer no pecado ou voltar-se para Deus. Nega, portanto, que as conseqüências da queda tenham sido a total escravidão da vontade e a morte espiritual do homem no que toca às coisas de Deus.

Quando os teólogos e comentadores da Escritura advogam uma via intermédia entre o Calvinismo e o Arminianismo, entendo que eles estão a cair ou fazer cair os leitores num equívoco ou, então, num grande logro.

Afinal, o modo como encaram a liberdade humana e a ação de Deus e do homem no processo de salvação coloca-os decididamente no campo Arminiano, embora de forma moderada.

O verdadeiro e fundamental problema, que divide Calvinistas e Arminianos, em meu entendimento, não admite uma posição intermédia: ou é Deus e só Deus Quem salva o pecador (pela Sua Graça, pelo Seu Amor e pelo Seu eficaz poder de sujeitar a Si todas as coisas), ou não é só Deus o Autor da salvação, pois para que o Altíssimo possa salvar, seja quem for, necessita da colaboração ou ajuda daquele que é salvo.

Por outras palavras, o que está -- e continuará, ao que parece, eternamente --em causa é a glória de Deus: ou pertence a Deus toda a glória pela nossa salvação ou essa glória terá de ser partilhada conosco, nem que seja numa dose ínfima; porém, dose esta fundamental, visto que sem essa ínfima participação nossa, nunca poderíamos ser salvos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

01 – Bíblia On Line em Português. Sociedade Bíblica do Brasil, Versão 1.11. São Paulo, 2002.

02 - www.angelfire.com/sc3/ricardobergamini

03 - Carlos, Ranieri. Apostila de História Eclesiástica III. SEP. Patos, 2005.

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